domingo, 9 de maio de 2010

ENTREVISTA COM A PROFª TISUCO MORCHIBA KISHIMOTO

A brincadeira e o jogo têm sido cada vez mais valorizados no campo da educação. Tanto na escola, como na família o aspecto lúdico das experiências infantis tem sido ressaltado como forma de criar experiências significativas para as crianças.
A contribuição do lúdico na Ed. Infantil é quase uma unanimidade hoje, entretanto na E. Fundamental, a discursão quase desaparece nesse contexto.

1) Você acredita que o lúdico continue sendo importante no Ensino Fundamental?

Segundo kishimoto, o lúdico é muito importante para o Ensino Fundamental. Mas depende de como deve-se trabalhar o lúdico, a criança precisa se sentir livre, o brincar deve ser espontâneo da criança e não imposto. Ela me deu um exemplo de uma menina com uma boneca, ela disse que quando a criança está com uma boneca ela não está brincando é sim segurando a boneca, a própria criança sabe que é faz de conta.


2)Como as vivências lúdicas poderiam colaborar na adaptação da criança na passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental?

O brincar é a ponte da Educação infantil para o Ensino fundamental, ela auxilia na adaptação da criança nesse processo.


3)Você acredita que vivências lúdicas no Ensino Fundamental colaboram para o processo de conhecimento da criança sobre si mesma, na formação de sua identidade?

A Kishimoto não acredita na forma como tem sido vivenciado o lúdico no Ensino Fundamental, com ações pedagógicas, o educador deve ter clareza do que é e não é jogo, noção de jogo e o trabalho, os professores do ensino Fundamental trabalham o brincar com materiais pedagógicos, imposto a criança. Ela acredita que encontrar profissionais que saibam trabalhar o brincar no nessa fase escolar é muito dificil.


Entrevista realizada dia 16/09/2008 na UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP
Por Clicilane Melhorini Araújo

As contribuições do brincar no Ensino Fundamental

“Brincar é uma forma de expressar o que está sentindo, suas experiências e vivências exteriores. Brincar para criança é tão vital quanto comer e dormir
(Pagani 2003,p.12)


As crianças, no Brasil, geralmente, entram na escola nos seus primeiros anos de vida. Hoje, pela legislação, o Ensino Básico obrigatório não mais se restringe ao Ensino Fundamental. Ele inicia-se justamente na Educação Infantil na fase em que a sua identidade, de acordo com Piaget (1978) está sendo construída. E, conclui-se no Ensino Médio na adolescência quando essa educação começa a se firmar.
Ao incorporar-se a Educação Infantil no Ensino Básico, tornando-a obrigatória, abriu-se o espaço para um trabalho pedagógico de base, considerando-se a importância de sua integração na sociedade tanto para o desenvolvimento de sua personalidade como de sua linguagem. Ao freqüentar a escola, ela estabelece novos vínculos afetivos, com as pessoas - adultos ou crianças - da instituição, e, então, tem a oportunidade de trazer para o seu interior, as experiências emocionais, sociais, afetivas, as impressões, a vivência. Quanto mais elementos destas naturezas ela trouxer para o seu interior, maior será a sua necessidade de expressão, para exteriorizar a sua apreensão e compreensão do mundo. Todo esse processo é fundamental para o desenvolvimento completo de sua identidade enquanto ser humano.
Ainda segundo Piaget (1978), a inteligência humana passa a desenvolver-se no individuo por meio da interação social. É nesse contexto, o da necessidade de integração social e da expressão de sua visão do mundo, que o brincar se incorpora, naturalmente, ao universo infantil. A medida em que a criança brinca, ela começa a exprimir conceitos e renovar suas experiências, começando a modelar a sua identidade. Pois, por meio das brincadeiras como: faz-de-conta, brincadeiras de fantasias, a criança interage com outras, e vivência suas observações e experiências. Por meio de jogos, estimula os desafios, a paciência, os conceitos de regras. Por intermédio das atividades de teatros, trabalham a linguagem, a expressão corporal, movimentos, sentimentos. Interligando com a fantasia e a realidade.
Essas atividades a tornam uma criança, conhecedora de si, e das pessoas a sua volta, estimulam a construção do seu eu, passando a se descobrir como ser único, a ter autonomia sobre si, e criatividade.
Para Vygostisky ( 1994), o desenvolvimento das funções cognitivas depedem do meio externo, do meio social, sendo de fundamental importância para o ser humano.
De acordo com o pensamento de Vygostiky, podemos afirmar que, a atuação das pessoas que estão ao redor das crianças, compõem, as suas primeiras referências, sendo visadas, atentamente, por elas. Quem nunca viu uma criança brincando de professora, casinha, mamãe, papai?
Essa relação que a criança faz entre o imaginário e o real, revela as ações entendidas, os sentimentos guardados, as situações vigiadas e vividas, as suas primeiras experiências.
O brincar tem um papel fundamental, nesse procedimento pois, é no brincar que criança interage com outras, expondo suas ações interiores. Esse processo de brincar e construir, para a criança -é não intencional. O educador precisa está integrado nessa observação, para detectar quaisquer, problemas possíveis, seja lá, familiar ou psicológico.
As brincadeiras nesse contexto, não se dá por recreação, mas como um instrumento de construção, algo embasado, com propósitos de somar o prazer com o essencial.


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Clicilane Melhorini Araújo